top of page

 

A Paróquia de Jaraguá e suas matrizes culturais

 

 

Introdução

 

 

Temos ciência que a história é uma narrativa de fatos, ela faz com que um século caiba em algumas páginas. Ela é, em essência, conhecimento por meio de documentos. Daí que, a narração histórica situa-se para além de todos os documentos, pois nenhum deles pode ser o próprio evento, ela não é o passado ao vivo. A todo instante, fluem acontecimentos de toda a espécie, constituindo no seu bojo o que chamamos de História.

É com esta visão que desejamos compreender a Paróquia de Jaraguá, uma filha da Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres, chamada freguesia de Maceió. A matriz da freguesia de Maceió foi inaugurada em 31 de dezembro de 1859, quando na ocasião cantado um “Te Deum”, ação de graças a Deus, com a presença ilustre do Imperador D. Pedro II e a Imperatriz D. Tereza Cristina.

Em 02 de julho de 1900, pela bula POSTRIMIS HISCE TEMPORIBUS, do Papa Leão XIII, torna a Igreja Matriz da freguesia de Maceió em Catedral da Diocese de Alagoas, tendo como seu primeiro bispo Dom Antônio Manuel de Castilho Brandão, alagoano da cidade de Mata Grande.

Um povo sem memória facilmente é manipulado e sem vida, pois não valoriza o seu protagonismo na história.

Contar a história de nossa Igreja Paroquial é resgatar a sua memória. Ela deve ser guardada e contada sempre às novas gerações, que continuam fazendo a história em sua contemporaneidade.

Na bíblia encontramos o Povo de Deus contando a sua história. O Povo de Deus gostava de contar e ouvir as histórias de seus antepassados. Era costume de geração em geração, de pai para filhos, fazer a memória, recordar, passando às gerações e cada geração passando a outra a herança, as maravilhas de Deus não obstante a fragilidade humana.

É com este propósito que desejo registrar mais no coração da Paróquia de Nossa Senhora Mãe do Povo, Jaraguá, esta bela história de cento e quarenta e cinco anos de caminhada, neste torrão de Maceió - Alagoas. Contudo, não é verdade que os fatos históricos são, frequentemente, sociais, coletivos, estatísticos: demografia, economia, costumes?

 

1. Aspecto socioeconômico

 

Alagoas depende das grandes plantações de cana-de-açúcar, que se estendem do litoral à Zona da Mata, sendo o maior produtor de cana do Nordeste, com 28 milhões de toneladas, no início deste século Alagoas só fica atrás de São Paulo no ranking nacional. Mais de 90% da exportação do estado sai dos canaviais, 75% em açúcar, 17% em álcool.

Além da cana, as culturas agrícolas de importância para o Estado são algodão, fumo, mandioca, milho e coco, possuindo uma renda per capita um pouco abaixo da média do país.

Nas últimas décadas, cresceram a atividade do turismo, sendo construídos vários hotéis, pousadas, bem como desenvolvidos planos e programas de incentivo ao turista. Um dos principais destinos dos turistas no Estado é a cidade de Maceió. Praias belíssimas e culinária rica e diversificada, à base de frutos do mar, são os principais atrativos. Como prato típico do litoral é oferecido o sururu, espécie de marisco retirado do fundo das lagoas Manguaba e Mundaú.

Alagoas desenvolveu e consolidou sua economia, baseada nos engenhos de açúcar e na criação de gado, em que predominava o trabalho escravo de negros e mestiços.

 

 

2. Aspecto sociopolítico

 

2.1 A Política de Cristandade:

 

O Cristianismo Católico chegou ao Brasil já no descobrimento e lançou profundas raízes na sociedade. Em 1549, seis religiosos da Companhia de Jesus acompanharam o Governador-Geral Tomé de Souza, estes eram chefiados pelo Padre Manoel de Nóbrega, em 1580 os carmelitas descalços chegaram ao Brasil e em 1581 tiveram início as missões dos beneditinos. Durante o século XVI e XVII, o governo português representado pelos governadores-gerais, buscou o equilíbrio entre o governo central e a Igreja Católica, com o intuito de diminuir os conflitos existentes entre os missionários, os colonos e os índios. Com isso, o estado controlava a atividade eclesiástica da colônia por meio do padroado, assim arcava com o sustento da igreja e ganhava a obediência e o reconhecimento da Igreja. Além disso, o estado nomeava os bispos e párocos e concedia licenças para a construção de novas

igrejas, ajudando financeiramente todo este processo. Logo após a Proclamação da república, foi decreta a separação entre o Estado e a Igreja, assim a republica acabou com o padroado e reconheceu o caráter laico do Estado, garantindo a liberdade religiosa.

 

2.2 O Porto de Jaraguá

 

No século XVII, início da colonização, os navios  portugueses  atracavam  numa   enseada

natural – Jaraguá - onde escoavam os carregamentos de madeira das florestas litorâneas.

Alagoas havia conquistado a sua  autonomia  política,  em 16 de  setembro  de  1817,  por

decreto de Dom João VI, em represália a Revolução  Pernambucana. Assim  se  expressou

o monarca: “Convindo muito ao bom regime deste Reino do Brasil, e à prosperidade a que

proponho   elevá-lo,  que  a  Província  das  Alagoas  seja  desmembrada da  Capitania  de

Pernambuco, e tenha um governo próprio... Rio de Janeiro, em 16 de setembro de 1817” 

(História das Civilizações das Alagoas, Jayme de Altavila, Pagina 45).

Em 1818, o   primeiro   governador   da   Capitania, Sebastião Francisco de Melo e Póvoas

chega desembarcando no Porto de Jaraguá.

Com a independência do Brasil, em 07 de   setembro   de1822, a   Capitania   de   Alagoas,

passou a ser denominada de Província, e seus dirigentes, presidente da província.

É somente com a proclamação da república, em 15 de novembro de 1889, que  a província

passou a ser chamada de Estado Federativo e com seu respectivo governador.

 

O porto - Jaraguá - serviu também para o embarque do açúcar, produzido pelos engenhos localizados nas proximidades.

A Previsão de melhoramentos no ancoradouro da Cidade de Maceió data de 1875 , quando se propunha a construção de um quebra-mar sobre os recifes existentes no extremo sul da enseada de Pajuçara – Jaraguá - e uma ponte de atracação para atingir profundidade adequada para a atracação de navios.

Pelo decreto nº 23.469, de 16 de novembro de 1933, a União autorizou o governo do Estado de Alagoas a construir e explorar comercialmente o porto.

Em 20 de outubro de 1940, o Porto de Jaraguá, construído pela Companhia Geral de Obras e Construções S/A, é inaugurado, e, somente entregue oficialmente ao Governo Estadual em 30 de Janeiro de 1941.

As operações começaram oficialmente em 23 de janeiro de 1942, quando houve o primeiro embarque de açúcar.

 

2.3 Origem da Cidade de Maceió

 

O nome Maceió tem denominação tupi "Maçayó" que significa "o que tapa o alagadiço". No local onde antes havia sido construída a capelinha do engenho, sob o patrocínio de São Gonçalo: “E, no local onde hoje se ergue a Catedral, erigida pelos esforços de frei Eusébio de Sales, frei Henrique de Castelo de São Pedro e frei Luiz de Grava, alvejava a capelinha do engenho, sob o patrocínio de São Gonçalo. Por trás dela via-se a cortina vermelha do antigo morro da Pólvora, onde foi erigido o primitivo farol de Maceió, cuja construção teve início após o lançamento da sua primeira pedra, no dia 2 de dezembro de 1851.” (cf História da Civilização das Alagoas, Jayme de Altavila, páginas 43-44).

Neste local, hoje, está a Catedral de Nossa Senhora dos Prazeres, na Praça Dom Pedro II, que foi inaugurada em 31 de dezembro de 1859.

O desenvolvimento do povoado foi impulsionado pelo Porto de Jaraguá.

Antes de sua fundação, em 1609, morava em Pajuçara Manoel Antônio Duro que havia recebido uma sesmaria de Diogo Soares, alcaide-mor de Santa Maria Madalena. As terras foram transferidas depois para outros donos e em 1673 o rei de Portugal determinou ao Visconde de Barbacena a construção de um forte no porto de Jaraguá para evitar o comércio ilegal do pau-brasil.

A Cidade de Maceió começou com uma pequena aldeia de pescadores, que crescia e iniciava a povoação da futura capital alagoana, em Jaraguá, e que se tornou Vila em 05 de dezembro de 1815, quando D. João VI assinou o alvará régio. “A cinco de dezembro de 1815, por alvará régio de D. João VI, a povoação de Maceió foi desmembrada da antiga vila das Alagoas e ampliada com sete boas léguas na costa, o que lhe dava a importância de começar a ser dominadora do litoral e de ir trazendo a colonização da região da mata para a região da praia” ( cf. Jayme de Altavila, História da Civilização das Alagoas, página,44).

Ela tornou-se capital da Província de Alagoas em 09 de dezembro de 1839. A posse do primeiro prefeito intendente Augustinho das Neves, deu-se no dia 16 de dezembro de 1839.

 

 

3. Aspecto sociocultural

 

3.1 Centro Histórico

 

O centro histórico de Jaraguá, página da História de Maceió, foi tombado pelo Decreto nº 6.061 de 19 de novembro de 1984, pois o Bairro de Jaraguá é um acervo cultural digno de respeito.

Neste espaço existem edifícios que falam de uma época, onde o Estilo Neoclássico criou raízes neste Brasil.

Em torno às construções neoclássicas existe um belo templo consagrado a NOSSA SENHORA MÃE DO POVO. A imagem da Padroeira é uma bela escultura de madeira, da lavra do Mestre Cesário Procópio dos Mártires, da Escola de Santeiros de Penedo.

Assim escreve Craveiro:

“A Matriz de Nossa Senhora Mãe do Povo foi oriunda da capela construída pelo português José Antônio Martins que, com os irmãos Amorim, primeiro construiu habitações definitivas no bairro. Jaraguá, ainda em 1840, era o que vulgarmente se chama uma biboca” (Revista do Arquivo Público de Alagoas, 01, páginas 110-117)

 

3.2 O estilo neoclássico

 

O neoclassicismo é um movimento artístico que, a partir do final do século XVIII, reagiu ao barroco e ao rococó, e reviveu os princípios estéticos da antiguidade clássica, atingindo sua máxima expressão por volta de 1830. Não foi apenas um movimento artístico, mas cultural, refletindo as mudanças que ocorrem no período, marcada pela ascensão da burguesia. Essas mudanças estão relacionadas ao racionalismo de origem iluminista, a formação de uma cultura cosmopolita e profana; A pregação da tolerância; a reação contra a aristocracia e a Revolução Industrial inglesa. Entre as mudanças filosóficas, ocorridas com o iluminismo, e as sociais, com a revolução

francesa, a arte deveria tornar-se eco dos novos ideais da época: subjetivismo, liberalismo, ateísmo e democracia. Esses foram os elementos utilizados para reelaborar a cultura da antiguidade clássica, greco-romana. No século XVIII, as rápidas e constantes mudanças acabaram por dificultar o surgimento de um novo estilo artístico. O melhor seria recorrer ao que estivesse mais à mão: a equilibrada e democrática antiguidade clássica. E foi assim que, com a ajuda da arqueologia, arquitetos, pintores e escultores logo encontraram um modelo a seguir. Surgiram os primeiros edifícios em forma de templos gregos, as estátuas alegóricas e as pinturas de temas históricos. As encomendas já não vinham do clero e da nobreza, mas da alta burguesia, mecenas incondicionais da nova estética. A imagem das cidades mudou completamente. Derrubaram-se edifícios e largas avenidas foram traçadas de acordo com as formas monumentais da arquitetura renovada, ainda existente nas mais importantes capitais da Europa.

 

Na arquitetura percebe-se melhor os novos ideais que se desenvolvem na Europa. De uma forma geral foi marcada pela simplicidade, sendo que em alguns casos percebe-se maior influência romana, com obras marcadas pela severidade e monumentalidade; e em outros casos se sobressaem as características gregas, com maior graça e pureza.

 

3.3 A antiga casa paroquial

 

A construção da antiga casa paroquial apresenta um estilo que emergiu no Brasil no último quartel do século XIX, caracterizado pelo gosto do pitoresco, moda arrasadora denominada pelos historiadores da arte como chalet.

Por volta de 1870-80, o chalet designava tanto os pavilhões para a venda de artigos diversos nas ruas da cidade, quanto as residências no estilo das “habitações rurais da Europa, especialmente na Suíça”, que iam se difundindo nos bairro as suburbanos.

 

Os chalés suíços tiveram seu auge no final do século XIX, com a concentração máxima na década de 1880. Os mesmos eram edificados por ricos particulares nos bairros suburbanos, isolados no meio de jardins. Tal patrimônio, fruto de uma permuta conforme escritura pública: Livro 340, Fls 4v a7, datada de 31 de maio de 1961.

 

4. Aspecto Sócio- Geográfico

 

A Paróquia de Nossa Senhora Mãe do Povo localiza-se nos bairros de Jaraguá, Pajuçara e Ponta da Terra.

Tem aproximadamente uma extensão territorial de 2.380m2, num território de 6.500m em linha circular, partindo em frente da praia dos sete coqueiros na Pajuçara, Av. Dr. Antônio Gouveia, Rua Sá e Albuquerque, seguindo em direção ao Porto de Jaraguá, Av. Industrial Cícero Toledo (Beira Mar) , entrando na Rua Desembarcador Paulo da Rocha Mendes, Rua Barão de Jaraguá, Av. Comendador Leão, cortando a Av.Walter Ananias ( Av. Maceió) e a Linha Férrea, quebrando à direita à Rua Dr. Carlos de Miranda seguindo pela Rua Escrivão José de Souza, cortando a Rua Pedro Américo, Trav. Joathan, Rua Desembargador Mário Guimarães, Rua Benedito Gunegundes, Loteamento Duas Irmãs B, Rua Ruthe Reis, Loteamento Duas Irmãs A, Rua Soldado Eduardo dos Santos, confluência com o início sentido praia da Rua Prof. Sandoval Arroxelas e Rua João Gualberto Pereira do Carmo, sentido Praça Lions, cortando Av. Jangadeiros Alagoanos, Rua General Demócrito Sarmento Barroco, chegando ao Oceano Atlântico, na praia dos sete coqueiros, na pajussara. (Arquivo da cúria metropolitana: livro de provisão número 01 fl 26v de 25.03.1983) (ver mapa em anexo).

 

4.1 O bairro de Jaraguá: 1.300 Km2

 

O português José Antônio Martins uma visão  empreendedora,  construiu em  Jaraguá as

primeiras habitações e a Igreja de Nossa Senhora Mãe do Povo. Os primeiros habitantes

do bairro foram Martins e os irmãos José, Joaquim e Antônio Lopes de Amorim.

O português benfeitor morreu em 30 de abril de 1831, refugiado na Igreja que  mandara

construir, entre os anos de 1820  a  1827.  Governava a  Província o  Visconde  da  Praia

Grande, quando chegou ao Porto  de  Jaraguá  um  veleiro  da  Corte,  com a  notícia  da

abdicação do folho de D. JoãoVI.

Hoje o bairro de Jaraguá tem a seguinte configuração:

Tem como ponto inicial a ponte sobre o Riacho Salgadinho, no final da   Rua   Buarque de

Macedo e início da Avenida Maceió. Do ponto inicial segue pelo eixo  da    Linha    Férrea,

através daAvenida Maceió, até a travessa Zeferino Rodrigues. Daí, até a   Rua   Zeferino

Rodrigues. Segue por esta até a Rua João Camerino.

 

 

 

Daí, até a Rua Epaminondas Gracindo. Segue por esta até a Praça Manoel Duarte (antiga Praça da Liberdade). Contorna a referida praça até a Rua Sampaio Marques. Segue por esta, prolongando-se em linha reta até a margem do Oceano Atlântico na Praia de Pajuçara. Segue pela margem do Oceano Atlântico, incluindo o terminal portuário de Jaraguá, até a foz do Riacho Salgadinho, na Praia da Avenida. Segue pelo Riacho Salgadinho, no sentido contrário do seu curso, até o ponto inicial, ponte do cruzamento da Linha Férrea, no início da Avenida Maceió.

 

4.2 O bairro de Pajuçara: 656Km2

 

Cantado em verso e prosa por esse Brasil afora, o bairro da Pajuçara, um dos mais

tradicionais de Maceió, transformou-se numa referência para o  turista  nacional  e

estrangeiro que escolhe Maceió como cidade preferida para o seu lazer. Sua bonita

praia “onde o mar beija  as  areias”  e elogiada  por  todos  que  visitam  a  capital

alagoana, pelo azul e verde do  mar,  sua  piscina  natural,  suas  jangadas   e  sua

urbanização e coqueirais. O bairro surgiu no século passado,   com   um   balneário

para as famílias ricas que residiam   em   Bebedouro,   Farol   e   no   Centro.   Era

considerado distante, e a maioria da   população   era   formada   por   pescadores

Segundo o dicionário de Aurélio Buarque   de Holanda,   Pajuçara   significa “muito

grande”, de grande corpo e estatura.

 

Alguns historiadores afirmam que a origem do nome é indígena e é escrito “Pajussara”. Assim seguiram os fundadores do Iate Clube Pajussara, no início da década de 1950. Mas o nome do bairro e da praia é conhecido no país inteiro com “ç”, seguindo o próprio dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, que é alagoano e conhecedor do bairro.

 

4.3 O bairro de Ponta da Terra: 424 Km2

 

Segundo o historiador Craveiro Costa, em seu livro “Maceió”, que na década de 1920, com a

opção dos ricos da época pela Pajuçara, onde construíram casas de veraneio, os pescadores

foram se transferindo para a Ponta da Terra, surgindo novas   ruas,   com casas   modestas,

geralmente cobertas com palhas de coqueiros.

 

O bairro foi encolhendo aos poucos, com muitas das suas ruas sendo tomadas pela Pajuçara

e Ponta Verde. Seus moradores ainda preservam a tradição de se   reunirem nas calçadas à

noite, para conversar sobre todos os assuntos. Nos fins de semana   frequentam as praias e,

durante a semana, trabalha, geralmente no   centro   da cidade,   utilizando as  dezenas  de

ônibus que passa pelo bairro.

 

Um dos fundadores dos bairros da Ponta da Terra,   foi o   alagoano   de   Marechal Deodoro,

Álvaro Otacílio, hoje, nome da principal avenida da orla marítima da  Ponta  Verde e   Jatiúca.

 

Ele era proprietário de sítios de coqueiros naquela área, que aos poucos foi loteando, para dar lugar à construção de casas e edifícios de apartamentos.

Álvaro Otacílio nasceu em 1898, na antiga Capital alagoana, saindo de lá ainda pequeno para residir em Maceió. Comprou vários terrenos na Ponta da Terra, e foi aumentando seu patrimônio. Aos 14 anos de idade, trabalhava como vendedor de uma loja de tecidos em Jaraguá, o principal centro comercial de Maceió, nos primeiros anos do atual século. Depois tornou-se dono de loja. Faleceu em 20 de março de 1963.

Outros proprietários de sítios de coqueiros foram se desfazendo de seus bens, depois da ascensão da Pajuçara, exigindo a abertura de ruas na Ponta da Terra, onde no século passado era só coqueirais, com uma ponta de terra avançando para o mar, e, dando origem ao nome do bairro que floresceu a partir dos anos 30.

 

 

5. Aspecto sócio-religioso

 

A Paróquia de Nossa Senhora Mãe do Povo, hoje Arquidiocese de Maceió, foi erigida no dia 27 de junho de 1865, no tempo do império, quando estava em vigor o sistema do padroado, dependência da Igreja ao poder civil, por resolução provincial nº 461, sancionada pelo Presidente da Província Dr. João Gonçalves Campos.

Assim reza a Resolução Provincial: "Fica criada a freguesia de Jaraguá no município da capital, desmembrada da freguesia de Maceió, sob a invocação de Nossa Senhora Mãe do Povo." (Folha 68v, Livro 4 de leis provinciais da secretaria do governo em Maceió, aos 05 de julho de 1865)

A Paróquia de Jaraguá foi desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres, hoje Catedral Metropolitana.

Seus atuais limites são: Ao norte, limita-se com a Paróquia de São Pedro Apóstolo, bairro ponta verde; ao sul, com a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, bairro centro; Ao leste, com o Oceano Atlântico e ao oeste, com a Paróquia Senhor do Bonfim, bairro do poço.

A Paróquia de Nossa Senhora Mãe do Povo, Arquidiocese de Maceió, foi entregue aos cuidados pastorais à Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, em 02 de fevereiro de 1947, pelo então Arcebispo Metropolitano Dom Ranulpho da Silva Farias. A Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus tinha na época como provincial o Pe. Henrique Vander Hont, SCJ. (Contrato firmado entre a Arquidiocese de Maceió e a Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus).

Em sua primeira visita Pastoral, entre os dias sete e nove de outubro de 1989, o arcebispo, de então, Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, assim se expressou sobre a Paróquia de Nossa Senhora Mãe do Povo:

“Esta se compõe fundamentalmente de cinco comunidades distintas e com problemas específicos: a matriz de N. Sra. Mãe do Povo, com suas duas favelas, o Santuário de N. Sra. de Fátima com a casa paroquial e o Centro Dom Oscar Romero, a capela da Imaculada Conceição, anexa ao colégio homônimo, dirigido pelas Filhas de São Vicente de Paulo e o Conjunto Pajuçara” ( Livro de Tombo 2, folha 21v)

 

 

6. A Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe do Povo: (1820-1827)

 

O início da construção da primeira capela de Jaraguá deu-se no ano de 1820, em homenagem a Nossa Senhora Mãe do Povo e concluída em 1º de agosto de 1827.

Com a criação da freguesia, a primeira capela tornou-se a Igreja Matriz de Jaraguá, em 1865.

“Nossa Senhora Mãe do Povo é uma pequena Igreja de antiga construção, a qual serve provisoriamente de Matriz” (Fala do Presidente da Assembleia Legislativa da Província das Alagoas, 16 de março de 1869, Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Júnior.)

Foi construída pelo português José Antônio Martins. Ele veio a falecer em 30 de abril de 1831, fulminado por um ataque cardíaco, em consequência de um grupo extremista revoltado contra os portugueses residentes em Maceió, que invadiu a igreja, onde ele estava refugiado.

Tal rebelião se sucedeu logo após a abdicação de Dom Pedro I, no período regencial. Ela pretendia a volta do monarca português ao Trono do Brasil. Ficou conhecida como cabanada, entre anos de 1831 a 1836. Seu maior líder foi Vicente Ferreira de Paula, que em alagoas buscou apoio dos Lisos.

Os lisos, liderado por José Tavares Bastos, de índole conservadora, fazia oposição à Regência; enquanto os liberais, liderados por João Lins Vieira Cansanção Sinimbu, chamados os cabeludos, que apoiavam a Regência, constituíam, na época, grupos antagônicos.

Crescia o bairro de Jaraguá e, como é natural, havia necessidade de um templo maior para o culto divino.

No governo de Gabino Susano Besouro, época de muita agitação política no Brasil, para se manter no Governo e fazer frente aos opositores, Gabino criou um esquadrão de cavalaria. Sucediam-se cada vez mais as disputas política chegando ao ponto alto de fuxicada, seguindo-se as prisões, as desordens., quando, na noite de 14 de janeiro de 1893, quando realizava-se festejos na praça atualmente denominada General Lavernère Wanderley, os matriculados na Capitania dos Portos desentenderam-se com os milicianos do Major Gabino Besouro. Os festeiros corriam para todo lado, vagueando pela praça e indo refugiar-se na Igreja de Nossa Senhora Mãe do Povo, pensando que seriam respeitados em templo santo. Várias pessoas foram assassinadas, outras feridas. Foi uma tragédia!.. “Se desbragaram em requintes de selvagina barbaridade, acutilando, ferindo, matando, imolando vítimas até no recinto da Igreja”. (Brandão, Moreno . Esbôço da História de Alagoas, 1909, página 196.)

A atual Matriz de Jaraguá foi edificada de pedra calcária e telhas grossas, vinda da Europa para fazer peso no porão dos navios.

“O vigário, à noite, com estola e batendo numa campa, saia pelas ruas chamando os fiéis para carregar pedras que os comandantes dos navios estrangeiros, aqui chegados, em lastro, para carregar açúcar, jogavam nos fundos da recebedoria.” (Felix Lima Júnior).

A Matriz de Jaraguá concluída na gestão pastoral do Mons. Fernando Alves da Rocha Lyra, aos 29 de abril de 1923. A obra iniciada pelo Pe. Pedro de São Bernardo Peixoto, aos 15 de janeiro de 1888, sexagésimo sexto ano da Independência do Brasil, quando da bênção da pedra

fundamental, num terreno aos fundo da antiga matriz, doado pelo casal Luís de Barros Leite, sua esposa Quintina Maria de Barros, e seu filho Manoel José de Moura Barros Leite.

“Ata do assentamento da pedra fundamental da Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe do Povo da freguesia de Jaraguá – Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e oitenta de oito, sexagenário sexto da Independência do Brasil, nesta freguesia de Jaraguá, termo e comarca da Cidade de Maceió, Província das Alagoas (...) eu, Nicodemos de Sousa Moreira Jobim, Escrivão da Confraria de Nossa Senhora Mãe do Povo a escrevi. Jaraguá, 15 de janeiro de 1888 – O Vigário Colado, Pe. Pedro de São Bernardo Peixoto.” ( Ata arquivada no Instituto Histórico de Alagoas, sob número 327).

No terreno, onde havia sido construída a antiga Capela de Nossa Senhora Mãe do Povo, tornou-se a praça da Matriz, lugar das festas externas. Uma pedra de mármore fincada na parede frontal da Igreja Matriz, registra a Dedicação da Matriz de Nossa Senhora Mãe do Povo, em 27 de outubro de 1940, na gestão pastoral do Pe. Antônio Monteiro, 1935 a 1941, o 8º pároco da freguesia.

 

7. Linha sucessória dos párocos ou administradores

 

(Pesquisa realizada no arquivo paroquial e da Cúria)

01. Pe. Manoel Amâncio das Dores Chaves, 1865-1867

02. Pe. Pedro de São Bernardo, 1867- 1900

03. Pe. Artur Passos, 1901-1905

04. Pe. Júlio Braga, 1905-1906

05. Pe. Bartolomeu Bittone, 1906-1908

06. Pe. José Soares Pinto, 1909 - 1910

07. Mons. Fernando Alves Lyra, 1911 - 1935

08. Pe. Antônio Monteiro, 1935 - 1941

09. Pe. Francisco Brandão de Lima, 1941 - 1946

10. Pe. Miguel Dankers, SCJ, 1947 - 1948

11. Pe. Afonso Wijnhoven, SCJ, 1948 - 1950

12. Pe. Pe. José Thews, SCJ, 1950 - 1969

13. Pe. João Ribeiro de Lemos, SCJ, 1969 - 1970

14. Pe. Cristiano Laukreijer, SCJ, 1970 - 1979

15. Pe. Adriano Langen, SCJ, 1979 - 1991

16. Pe. José Tavares, SCJ, 1991 - 1994

17. Pe. Abdias Alexandre Barbosa, SCJ, 1994 - 2004

18. Pe. Marcos Antônio Alves de Lima, SCJ, 2005 - 2008

19. Pe. Alexandro Fernandes Ferreira Marinho, SCJ, 2008 - 2009

20. Mons. José Nilton Brandão Laurindo, 07 de Setembro de 2009

 

 

8. Igrejas Filiadas à Igreja Matriz

 

a) Igreja da Imaculada Conceição (1865-1867)

 

Num lugar denominado de Pajuçara, com seu patrimônio de seis braças de terra à beira mar, nesta freguesia de Jaraguá, foi dado novo impulso na construção da Capela da Imaculada Conceição, pelo Pe. Manoel Amâncio das Dores Chaves, primeiro Pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe do Povo, entre os anos de 1865 a 1867.

Ela foi iniciada sob o comando do Sr. Fidélis Garcia Gomes, devoto da Imaculada Conceição, que concorreu com todo material de construção e mão de obra. Ele mandou trazer da França uma Imagem da Imaculada Conceição, que foi colocada no Altar Mor da capela, por um missionário capuchinho. (Extraído do relato do 2º pároco ao bispo de Olinda).

Extraímos um relato do Mons. Fernando Alves Lyra, 7º Pároco, ao bispo de Maceió, em 13 de maio de 1914, com o seguinte teor:

"A capella sob a invocação da Imaculada Conceição edificada na Pajussara, bem asseada, está sob o encargo da Exma. Sra. D. Maria de Aguiar Barretto, não está ainda totalmente concluída, é muito antiga sua construção, ignoro a data do início das obras; sei, porém, que foi construída, no tempo em que, os Rvdos religiosos que em santas missões aqui passaram, os quais devem tê-la benzido, não tem patrimônio, (...) pode conter aproximadamente 100 pessoas para mais".

Em 12 de novembro de 1948, em resposta ao que solicitou a Ir. Eugênia Negueiros, Superiora do Patronato, o Arcebispo Metropolitano de Maceió, Dom Ranulpho da Silva Farias, concedeu faculdade ao Patronato da “Virgem Poderosa”, com endereço à Av. Doutor Antônio Gouveia,

507, em Pajussara, dirigido pelas Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, de com ciência do Reverendíssimo Pároco de Jaraguá, abrir uma porta de comunicação com entrada para a mesma capela, sob as condições seguintes:

“1. A comunicação a ser aberta, jamais constituirá servidão perpétua a favor do prédio do Patronato.

2. Com a comunicação aberta pela maneira desejada, assume o Patronato o compromisso de Zelador e responsável pelas alfaias e demais pertences da dita capela.

3. A Capela, nas horas regulares continuará a ser de culto público cujas funções serão determinadas de acordo com o Pároco local.

4. O Patronato (...) se servirá da mesma Capela, para servir de centro dos atos religiosos do mesmo Patronato sem com isso, fique prejudicado o culto público, determinado pelo vigário local.” (Extraído da cópia do contrato)

Tal contrato foi assinado pelo Vigário, Pe. Afonso Wynhoven, SCJ e a Diretora, Irmã Eugênia Negueiros, como prevê a autorização do Sr. Arcebispo Metropolitano, com a ciência do Pároco de Jaraguá.

O mesmo contrato afirma que a capela da Imaculada Conceição, conhecida como “ Conceição da Praia” é um patrimônio do povo de pajussara e pertencente à Paróquia de Jaraguá. Assim está escrito:

“(... ) Patronato da Virgem Poderosa, proprietário do prédio à Av. Dr. Antônio Gouveia, em Pajussara desta cidade, contíguo à Capela de Nossa Senhora – (...) Capela de construção do povo de Pajussara e pertencente à Paróquia de Jaraguá”.

(ver foto em anexo)

 

b) A Igreja de Santa Cruz (1899-1900)

 

No lugar onde os coléricos eram enterrados em 1854: "Foram muitos os que morreram de cólera, e no cemitério feito para eles foi erguido um cruzeiro. Os fiéis, aos pés daquela cruz, rezavam pela sua saúde e de seus familiares, e faziam muitas ofertas" (Extraído do relato ao bispo de Olinda pelo 2º pároco).

A devota, Anna Rosa de Verçosa, ficava ao pé do cruzeiro, iluminando-o com lamparinas e guardando as esmolas que os fiéis ofereciam. Lá, os fiéis rezavam com fervor o Santo Rosário. Com a ajuda dos fiéis, mediante dinheiro e material de construção, foi levantada a Capelinha de Santa Cruz, em 1900, no lugar onde foram enterrados os que morreram por causa do cólera, sendo a época Pároco Pe. Pedro de São Bernardo Peixoto, o segundo pároco da freguesia Nossa Senhora Mãe do Povo. (ver foto em anexo)

 

c) Igreja Nossa Senhora de Fátima (1964-1965)

 

Com o visível crescimento da população do Bairro da Ponta da Terra, era necessário a construção de uma Capela para o Culto Divino.

Foi então construída entre os anos de 1964 e 1965, pelo Pe. José Thuws, SCJ, numa parte do terreno de 30x52, situado a Rua Ana Nery, doado pelo casal José Uchôa Braga e Auristela Aguiar Braga, cuja escritura do mesmo foi registrada em 14 de fevereiro de 1959, no 1º Cartório de Registro de Imóveis e Hipotecas de Maceió, livro 3 - AQ folhas 100, nº 30.823.

Durante 41 anos de existência, a primeira Capela de Nossa Senhora de Fátima passou por várias reformas. 

Em novembro de 2006, iniciou-se a construção da Nova Igreja de Nossa Senhora de Fátima, Ponta da Terra, com a liderança de Pe. Marcos Antônio Alves de Lima, SCJ e Pe. Alexandro Fernandes Ferreira Marinho, SCJ. Graças ao bom Deus, às 09 horas do dia 20 de abril de 2008, foi realizada a Missa de Dedicação, presidida pelo Arcebispo de Maceió Dom Antônio Muniz Fernandes, O.Carm.

 

 

9. Conjuntura da Igreja no Brasil

 

As análises de conjuntura refletem, também, a autoconsciência histórica da Igreja no Brasil. A legitimidade religiosa e política da Igreja no Brasil é o resultado de um longo processo, que acompanha a própria história do Brasil, desde 1500. O poder estabelecido, no período colonial, promoveu um modelo de Catolicismo, conhecido como Cristandade. Nele, a Igreja era uma instituição subordinada ao Estado e a religião oficial funcionava como instrumento de dominação

social, política e cultural. A crise desse modelo é iniciada, simbolicamente, em 1759, com a expulsão dos jesuítas e com a progressiva hegemonia da nova

mentalidade racionalista e iluminista. No segundo reinado, em 1840, começa um novo período na história da Igreja no Brasil, conhecido como romanização do Catolicismo, voltado à colocação da Igreja sob as ordens diretas do Papa e não mais como uma instituição vinculada à Coroa luso-brasileira. Esse novo período

inclui três fases: a da reforma católica, a da reorganização eclesiástica e a da restauração católica. a) Na primeira, os bispos reformadores preocupam-se em imprimir ao Catolicismo brasileiro a disciplina do Catolicismo romano, investindo principalmente na formação do clero; b) a segunda é marcada, na Igreja, pela nova experiência institucional, resultante da sua separação do Estado com a proclamação da República; c) a terceira, também conhecida como Neo-Cristandade, inicia-se em 1922, no centenário da Independência e nela, a Igreja opta por atuar, com toda visibilidade possível, na arena política. Essa opção implica a colaboração com o Estado, em termos de parceria e de garantia do status quo. Nesse sentido, a Igreja mobiliza seus intelectuais, por meio, entre outras organizações, do Centro Dom Vital e o cardeal D. Sebastião Leme funda, no Rio de Janeiro, a Liga Eleitoral Católica. A Constituição de 1934 registra alguns resultados dessa ofensiva, tal como a instituição do ensino religioso nas escolas públicas, a presença de capelães militares nas Forças Armadas e a subvenção estatal para as atividades assistenciais ligadas à Igreja. O processo de mudança de paradigmas na Igreja ganha força a partir dos anos de 1960, sob a influência do Concílio Vaticano II. Nas décadas de 1950 a 1960, a Igreja no Brasil prioriza a questão do desenvolvimento.

Ao contrário da posição adotada diante do regime do Estado Novo, de Getúlio Vargas, em que a Igreja assumiu uma posição conciliatória diante do regime de exceção, a CNBB desempenha um papel chave na articulação da sociedade civil, em defesa dos direitos humanos, das liberdades democráticas, da reforma

agrária, dos direitos dos trabalhadores e da redemocratização.

 

9.1 A Pastoral Orgânica

 

Durante o Vaticano II, em 1964, a Assembleia Geral da CNBB, realizada em Roma, decide assumir o Planejamento Pastoral como seu instrumento metodológico de renovação (denominado,

na época, aggiornamento). Esse processo concretiza-se, no país, por meio do Plano de Pastoral de Conjunto (PPC), fundamentado, por sua vez, na atuação da Ação Católica e na experiência da CNBB, fundada, em 1952, por iniciativa de D. Hélder Câmara. Em todo esse processo, a Igreja tenta integrar-se, cada vez mais, à sociedade civil e aos movimentos sociais. O principal reforço

institucional, nessa direção, provém das Conferências Episcopais Latino-Americanas, realizadas em Medellín, Colômbia, em 1968; em Puebla, México em 1979 e em Santo Domingo, República Dominicana, em 1982. A prática gerada por esse processo leva a Igreja a direcionar a sua atuação, na sociedade brasileira, a

partir da situação dos pobres e dos excluídos. No início dos anos de 1970, nesta perspectiva, a Igreja concentra sua atuação nas áreas econômica e política, em dois focos: no modelo econômico vigente, que considera elitista e concentrador de rendas e no regime de exceção, diante do qual compromete-se a lutar para o restabelecimento da ordem democrática.

 

9.2 A Igreja como sujeito Político

 

A CNBB em sua linha de trabalho intervém, como ator sociopolítico, diante dos problemas nacionais. Um exemplo disso é a publicação de três documentos:

“Exigências cristãs de uma ordem política”, “Igreja e problemas da terra” e “Solo urbano e ação pastoral”. Participa, também, intensamente, sobretudo no fim dos anos de 1970, do processo de transição para a democracia. Neste contexto, a Igreja atua, simultaneamente, como um ator da sociedade civil e da

sociedade política, no processo de pressão e de negociação com a arena estatal com vistas ao restabelecimento da plenitude democrática. Um dos principais campos do engajamento social e político da Igreja é o da defesa e promoção dos direitos humanos, e, nessa área, a Igreja, pouco a pouco, vai cedendo parte do seu protagonismo para as entidades da sociedade civil organizada.

Dentro da mesma dinâmica, a Igreja participa do processo constituinte, entre 1986 e 1988, e se mobiliza em favor de emendas populares à Constituição, com ênfase para a ética na política e para a implementação de políticas sociais, como condição sine qua non para a estabilidade democrática.

Os bispos, reunidos na V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, ( Maio/2007 ) quiseram impulsionar, com o acontecimento celebrado junto a Nossa Senhora

Aparecida no espírito de um novo Pentecostes e com o documento final que resume as conclusões de seu diálogo, uma renovação da ação Evangelizadora da Igreja. Todos os seus membros estão chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, para que nossos povos tenham vida Nele. No caminho aberto pelo Concilio Vaticano II e em continuidade criativa com as Conferências anteriores do Rio de Janeiro, 1955; Medellín, 1968; Puebla, 1979 e Santo Domingo, 1992, procuraram traçar em comunhão linhas comuns para prosseguir a nova evangelização da Igreja no Brasil.

 

10. Nomeação e Posse do Novo Pároco

 

O 20º Pároco da freguesia de Jaraguá é Mons. José Nilton Brandão Laurindo, nascido em Palmeira dos Índios, Alagoas. Fez seus estudos de filosofia e teologia em Juiz de Fora, Minas Gerais. Foi ordenado presbítero da Igreja de Deus, em 25 de janeiro de 1986, por Dom Fernando Iório Rodrigues. Exerceu os dois primeiros anos de sacerdócio como vigário paroquial da Catedral de Nossa Senhora do Amparo, sua cidade natal. Foi pároco por 21 anos da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Rio Largo. Foi nomeado pároco da Paróquia de Nossa Senhora Mãe do Povo, aos 27 de agosto de 2009, Festa de Nossa Senhora dos Prazeres e tomou posse, às 17horas, do dia 07 de setembro de 2009, véspera da Festa da Natividade de Nossa Senhora, na Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe do Povo, bairro de Jaraguá, numa Celebração Eucarística presidida pelo Vigário Geral da Arquidiocese Mons. José Augusto Silva Melo

 

a) Ata da tomada de posse

 

Aos sete dias do mês de setembro do ano de dois mil e nove, às dezessete horas, na Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe do Povo, Bairro de Jaraguá, Maceió, Alagoas, na presença do Povo de Deus: cristãos leigos e leigas, religiosas e sacerdotes, durante a Solene Celebração Eucarística, presidida pelo Mons. José Augusto Silva Melo, Vigário Geral da Arquidiocese de Maceió, tomou posse da referida paróquia Mons. José Nilton Brandão Laurindo. Após a saudação inicial, o vigário geral, presidente da celebração, solicitou a leitura da provisão canônica de nomeação do novo pároco que logo em seguida renovou a sua profissão de fé. A celebração eucarística prosseguiu em conformidade com ritual romano, ato penitencial, glória e a

oração da missa votiva de Nossa Senhora Mãe da Igreja, as leituras foram extraídas da carta de São Paulo aos Romanos capítulo 8, versículos 28 a 30; o salmo responsorial 70, e o evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus, capítulo 1, e versículos 18 a 23, o mesmo foi proclamado pelo novo pároco. O presidente da celebração litúrgica, proferiu sua homilia explicitando a Identidade e Missão do Pároco à luz da eclesiologia de comunhão na diversidade dos carismas e ministérios, para a edificação da Paróquia, célula da Igreja Evangelizadora, no coração da sociedade contemporânea. Terminada a homilia o novo pároco é convidado a renovar as promessas que fez na sua ordenação sacerdotal. Em seguida o vigário geral fez a entrega das chaves da igreja, do sacrário, bem como a estola roxa simbolizando o sacramento da reconciliação, a água símbolo e instrumento para o sacramento do batismo. Prosseguindo o ritual de posse o novo pároco fez o juramento de fidelidade, seguindo-se a oração da comunidade e apresentação das oferendas O novo pároco foi convidado a presidir a liturgia eucarística, que teve como prefácio: Maria, Mãe e Modelo da Igreja. Finalmente, fez uso da palavra um representante da Paróquia de Rio Largo, um representante da Paróquia de Jaraguá e uma breve locução do novo pároco. Foi dado início aos ritos finais e o canto da padroeira.

Nada havendo mais a tratar, foi lavrada a presente ata que será assinada pelo Vigário Geral, o novo pároco, sacerdotes presentes, religiosas e os conselhos pastoral e Econômico.

 

b) Palavra do Novo Pároco

 

Hoje elevo a Deus Trindade um hino de louvor, pois Ele nos vocacionou para sermos o seu povo sacerdotal.

Nesta porção do povo de Deus, uma célula Viva da Arquidiocese de Maceió, Paróquia Nossa Senhora Mãe do Povo, tomo posse hoje para exercer o Ministério Sacerdotal neste "Chão de Missão": Jaraguá, Pajuçara e Ponta da Terra.

Tenho consciência de que a Paróquia é uma Comunidade de Cristãos concreta, constituída estavelmente no âmbito de uma Igreja Particular, cujo cuidado pastoral é confiado a um pároco, como o seu pastor próprio, sob autoridade do bispo diocesano.

Entendo que a vida da paróquia deve ser entendida e vivida no coração na sociedade contemporânea, como uma "Casa e Escola de Comunhão". Comunhão orgânica entre sacerdócio

existencial que brota dos sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia, e sacerdócio ministerial, que tem sua origem no seio do Povo de Deus, mediante o Sacramento da Ordem. Sacramento de serviço ao povo de Deus.

A paróquia é uma realidade teológica, pois ela é uma comunidade eucarística. Uma comunidade idônea para celebrar a Eucaristia, na qual se situam, a raiz viva do seu edificar-se e o vínculo sacramental do estar em plena comunhão com toda a Igreja.

Uma comunidade de fé em Jesus Cristo;

Uma comunidade onde o amor é a lei máxima entre os seus membros;

Uma comunidade movida pela esperança na posse do Céu.

A caridade pastoral deve mover sempre o meu coração de pastor, principalmente na pregação da Palavra de Deus, na administração dos Sacramentos e na direção Pastoral da comunidade.

Longe de mim qualquer sentimento de exclusão, embora tenha que, evangelicamente, socorrer os mais necessitados.

Desejo exercer ardentemente com zelo o ministério de Cristo-Cabeça da Igreja em favor de todos os paroquianos, no múnus de ensinar, santificar e coordenar a diversidade de carismas e ministérios para o bem da Igreja e o crescimento do Reino de Deus entre nós.

Jamais quero ser a síntese dos ministérios, mas exercer o ministério da síntese.

É oportuno agradecer neste momento a todos os sacerdotes que neste "chão de missão" exerceram o seu ministério com amor e dedicação, de modo especial ao meu antecessor, Pe. Alexsandro, e mediante ele, aqui presente, a todos os sacerdotes da Congregação do Sagrado Coração de Jesus.

Agradeço a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, de Rio Largo, que para mim, durante 21 anos, foi uma escola de aprendizagem para bem exercer o ministério presbiteral, nestes 23 anos de sacerdócio.

Agradeço a Arquidiocese de Maceió, na pessoa do nosso Arcebispo Dom Antônio Muniz, aqui representado pelo seu Vigário Geral, Mons. José Augusto Silva Melo, pela confiança em mim depositada como pároco de Jaraguá.

Finalmente, rogo à Mãe do Povo, Senhora Imaculada, a Mãe de Jesus, a sua perene proteção para o exercício do meu ministério, e que eu seja sempre fiel à Palavra do seu Filho Jesus. Amém!

 

Conclusão

 

Foi um trabalho prazeroso! Valeu conhecer um pouco a ALMA da Paróquia de Nossa Senhora Mãe do Povo - Jaraguá - Maceió - Alagoas.

A Paróquia é lugar de comunhão e Vida em Deus. Ela é uma realidade teológica, pois é uma realidade Eucarística. Nela se entranham a diversidade de carismas e ministérios para o bem do Povo de Deus. Um povo constituído à luz da Palavra, dos Sacramentos e da Caridade. Um povo com a marca indelével da experiência do discipulado e da missionariedade da Igreja de Jesus. Um Povo Missionário e Samaritano.

Enfim, a paróquia é uma célula viva da Igreja Evangelizada e Evangelizadora, uma Igreja que tem a marca de sua autenticidade: Apostólica, anuncia a mesma e genuína mensagem de Jesus Cristo, mediante a sucessão apostólica; Una, a Igreja de Jesus possui a propriedade essencial do ser Uno, pois Deus é Uno; Católica, ela tem a totalidade dos elementos necessários para a salvação da humanidade; Santa, o sujeito transcendental da Igreja é Deus que se expressa no sujeito histórico que são todos os que nasceram da água e do Espírito.

Enfim, como a história é o conhecimento dos fatos humanos e comparados com os fatos físicos, é a história de um conhecimento específico. Nada do que é humano é estranho ao historiador, mas também nada do que animal é estranho ao biologista. Procuramos nortear nosso trabalho no princípio que todo fato é digno da história e, portanto, todo tipo de fato torna-se uma procura para o historiador. Delimitei a pesquisa ao evento da criação da freguesia de Jaraguá na sua contextualização: socioeconômica, política, cultural e religiosa, para melhor explicitar o caráter histórico do fato.

 

Fontes da Pesquisa

 

01. Arquivo da Paróquia Nossa Senhora Mãe do Povo;

02. Maceió de Outrora de Félix Lima Júnior;

03. Prof. João Ribeiro de Lemos;

04. Conclusões das Conferências – CELAM

05. Periódico a História de Meu Bairro;

06. Carta ao bispo de Olinda por Pe. Pedro de São Bernardo - 1893;

07. Carta ao bispo de Maceió pelo Pe. Fernando Alves Lyra;

08. Contrato entre o Patronato da Virgem Poderosa e o Vigário da Paróquia Nossa Senhora Mãe do Povo, Jaraguá e assinado pelo Arcebispo da Arquidiocese de Maceió, 12.11.1948;

09. História da Civilização das Alagoas – Jayme de Altavila, 1967;

10. História das Alagoas – craveiro Costa, 1983;

11. História de Alagoas – Moreno Brandão, 1981;

12. Arquivo da Cúria Metropolitana.

 

bottom of page